Religião — a verdadeira definição de respeito

"Respeito é bom e todo mundo gosta."

    Acredito que todos conhecem esse ditado popular e concordam com ele. O problema é que as pessoas geralmente não conhecem o verdadeiro significado da palavra respeito. Ainda mais quando o assunto a ser tratado é religião. Elas se equivocam ao confundir questionamento com desrespeito.
    Suponhamos que você acredite em vida extraterrestre. Então, vem um amigo e questiona essa possibilidade de existir vida fora da Terra. Naturalmente, você irá apresentar seus argumentos para justificar sua crença; e ele, os argumentos dele para justificar sua descrença. Se foi uma discussão saudável — ou seja, se essas argumentações ocorreram sem ofensas ou provocações —, você e seu amigo continuarão sendo amigos e não levarão para o lado pessoal.
    Agora imagine um debate de mesma natureza, com a mesma educação, com as mesmas pessoas. Porém, desta vez, o assunto é religião. Não preciso nem dizer que pelo menos uma das duas pessoas se sentirá ofendida ao ter sua crença questionada (mesmo que educada e amigavelmente). E é exatamente aí que eu paro e te pergunto o porquê disso.
    Será que a religião é tão inquestionável ao ponto que as pessoas tenham medo de discutir e defender seus ideais através de argumentos razoáveis? Será que, como o vlogger Clairon diz, é certo colocar a religião numa redoma de vidro onde qualquer questionamento que você fizer será considerado como uma ofensa?
    Eu tenho muitos amigos — religiosos e não religiosos — que argumentam, mostram seus pontos de vista, debatem e questionam. Felizmente, vários deles são mente-aberta e não levam as coisas para o lado pessoal; porém, a maioria das pessoas não aceita ouvir os argumentos, pontos de vista e questionamentos alheios.
    É claro, argumentar contra é uma coisa; tirar sarro, ofender e usar palavras de baixo calão é outra. E o mais irônico é que são geralmente essas pessoas que pedem por "respeito" (não serem questionadas ou duvidadas) as primeiras a criticar e a tirar sarro de religiões menos conhecidas como o espiritismo e o hinduísmo. Independentemente da sua religião  —  católico, protestante, espírita, kardecista, budista, hinduísmo, muçulmano, islamista, deísta, mórmon, maçom, judeu, neopagão  —  ou da sua não-religião  —  agnóstico, ateu  — , você tem direito de ser respeitado, mas também tem o dever de respeitar.
    Além disso, se você questiona as crenças alheias, então está automaticamente aceitando que critiquem a sua, já que quem diz o que quer, ouve o que não quer.

Nota (adicional)*
    Muitas pessoas usaram a seguinte frase para contra-argumentar meu artigo: Religião não se discute. 
  Na verdade, se religião não se discutisse, o protestantismo não existiria hoje, tendo em vista os questionamentos de Martinho Lutero em relação à igreja católica naquela época foram a base e a essência para a criação de uma nova ramificação dentro do cristianismo.
    Se religião não se discutisse, a Santa Inquisição ainda estaria presente hoje. A discussão (saudável), ou seja, o questionamento, é a única forma de o nosso intelecto - e até mesmo da nossa fé - evoluir. E isso aplica a quaisquer assuntos, não só à religião.
    Em pleno século XXI, é lamentável que algumas pessoas ainda tenham medo de expor suas opiniões em função da pressão social de uma sociedade cristã (principalmente católica). Nós vivemos numa democracia, não numa teocracia ou muito menos numa ditadura. Você pode expor sua opinião; é só saber como.