2012 — Sinceros desabafos

     Estive por muito tempo pensando em escrever este artigo. Faltam apenas alguns dias para o fim do ano, e ainda há muita coisa mal resolvida e ninguém se deu ao trabalho de levantar a voz pra reclamar. O problema com o qual eu me deparei foi o de não encontrar exatamente uma finalidade para este texto; afinal, como sempre digo, indicar onde está o defeito não irá resolvê-lo. No entanto, decidi escrever assim mesmo, com ou sem finalidade, pois existem certas coisas que precisam ser ditas.
     Muita intriga desnecessária e muita gente que faz questão de levantar a voz na hora da discussão e que nem cogita a possibilidade de estar errada. Na maioria das vezes, tudo isso é motivado por egoísmo, caprichos próprios e principalmente falta de comunicação — talvez até consigo mesmo.
     Valores exageradamente atribuídos a coisas que, pela lógica e pelo bom senso, não necessitam de tanta atenção, tendo em vista que existem outras coisas bem mais importantes. Isso se resume às pessoas que valorizam mais as notas escolares do que o aprendizado em si; que perdem tanto tempo pensando numa resposta e acabam não prestando atenção na real importância da pergunta; que se preocupam tanto com beijos molhados que se esquecem da verdadeira essência da relação.
     Isso sem falar no Futebol. Essa alienação que grande parte da população brasileira possui está saindo mais caro do que o esperado, se tratando tanto dos cofres públicos quanto da evidente carência que os setores de educação e saúde pública sofrem. Não que eu desmereça o importância do Futebol, até porque, ele desempenha um grande papel em nossa cultura e, além disso, é um grande precursor na economia nacional, principalmente quando se diz respeito a turismo. Entretanto, é inegável a necessidade de uma dose de discernimento para que não coloquemos esse tema como prioridade máxima; caso contrário, seremos escravos eternos de um sistema que desvia a atenção pública de onde deveria estar.
     Já aproveitando o assunto, isso me lembra que em plena Era da Informação, ainda há pessoas com a ridícula ideia de que se ausentar da participação política — por vezes até preferindo não comparecer à urna e pagar uma multa —, como se isso resolvesse a situação que o Legislativo atual encontra-se: afundado em corrupção. Mas pretendo escrever um texto especificamente sobre isso, então vamos ao próximo ponto.
     Outra coisa que também está ligada e que, por mais que exista muita gente que critique, as pessoas não param realmente para perceber a verdadeira gravidade da questão: a constante manipulação de massas chamada mídia televisiva. Não vou cair no clichê e culpar somente a Rede Globo, pois claro que, embora seja a grande líder nos rankings, não é a única a agir nesse sentido. E queira me perdoar, leitor, se estou relatando o que já é bem óbvio, mas esses meios de comunicação são uma poderosa (e perigosa) distração que impedem a população de se preocupar com os problemas de desvio de dinheiro. Não é de admirar que, segundo o Estadão, a Polícia Federal atualmente conduz mais de três mil inquéritos sobre corrupção só no âmbito municipal. É como dizem: a mídia televisiva é como um "quarto Poder" que certamente exerce um grande domínio sobre, perdoem-me os moralistas pelo uso do termo, a massa cultural.
     Contudo, tomo a liberdade de fugir um pouco desse tema por um momento e discutir outra coisa que, embora não seja uma questão governamental, acredito ser tão importante quanto. Mas antes de embarcar nesse assunto, já prevenindo possíveis respostas grosseiras, eu gostaria de esclarecer que estou ciente de que "não é da minha conta" como cada pessoa leva sua vida e concordo totalmente com o fato de eu não estar apto a julgar ninguém. Portanto, não entenda isso como um julgamento, pois não é; como o próprio título sugere, é mais um desabafo.
     Indo direto ao ponto: me incomoda, de certo modo, essa felicidade superficial que algumas pessoas insistem em cultivar. Elas têm milhares de amigos nas redes sociais, recebem centenas de "curtir" em suas fotos (extremamente banais, por sinal), mas no fundo, são completamente desprovidas de amigos verdadeiros. Claro, sempre tem aqueles "amigos" mais próximos, mas na primeira oportunidade, saem falando mal destes pelas costas. Falando assim, até parece coisa de filme americano, mas tenho certeza que você conhece, no mínimo, uma pessoa assim.
     Às vezes me atrevo a ir mais longe do que simplesmente observar e tento supor uma justificativa para tal coisa: será, essa necessidade de adquirir produtos de marca, uma tentativa de suprir o vazio (tanto sentimental como racional) presente? Ou talvez seja pura futilidade? Provavelmente nem as próprias pessoas  que fazem isso saibam a resposta.
     E para fechar com chave de ouro, acho incrível aquelas pessoas que levantam prontamente as mãos para louvar a Deus, mas não levantam as mesmas mãos pra ajudar quem precisa. Gente que vai à igreja todo domingo (ou, em certos casos, com mais frequência ainda), e se concentra tanto nas regras bíblicas, que acaba se esquecendo da mais importante: o amor ao próximo. Sem querer ser chato, mas já sendo: só porque você compartilhou a foto de uma criança doente no Facebook, isso não significa que você está agindo com amor ao próximo. Requer um pouco mais de esforço que isso. É preciso fazer o bem sem ver a quem (embora muita gente só faça o bem para as pessoas que partilham os mesmos pensamentos religiosos) e, acima de tudo, sem esperar nada em troca. Afinal, como dizia Alexandre, o Grande: os tesouros que aqui conquistamos, aqui deixamos.
     Por fim, é isto. Espero não ter passado a impressão errada. Adianto-me a ressaltar, novamente, que assim como qualquer outra pessoa, sou repleto de defeitos e, mesmo aprendendo com eles, continuo tendendo a errar. Mas como já mencionei, a finalidade deste artigo é desabafar. Infelizmente, acredito que seja impossível fazer isso sem criticar algumas posturas...