A criminalidade na classe média alta

    Quando o tema a ser tratado é criminalidade, temos - por influência dos esteriótipos presentes na nossa sociedade - uma tendência a assimilar o assunto com pessoas de classes sociais mais baixas, como por exemplo, moradores de comunidades ou até mesmo moradores de rua.
    Contudo, não é difícil encontrarmos fatos ocorridos que invalidam essa ideia preconceituosa, evidenciando que pobreza definitivamente não é sinônimo de criminalidade. Cada dia que passa, aumenta o número de jovens de classe média alta que cometem atrocidades contra a vida alheia, baseando-se em fundamentos discriminatórios e insustentáveis.
    Para entendermos o que pode ter ocasionado tais crimes, teríamos que considerar vários fatores, sendo que muitos deles estão em constante controvérsia, envolvendo psicólogos, psiquiatras, advogados, juízes e principalmente parentes dos culpados. Porém, a grande maioria dos fatores levam a um só ponto: a falta de estrutura familiar.
    É necessário compreender que a função dos responsáveis não se limita a coisas materiais, como moradia, alimentação ou pensão. Se fosse só isso, eles seriam apenas financiadores. No entanto, não é difícil encontrarmos casos de pais que compensam a falta de atenção e de apoio por celulares, computadores, sapatos e etc. Esses são os mesmos pais que se dedicam integralmente a seus empregos, esquecendo-se dos filhos. Por conseguinte, isso gera uma certa carência, que futuramente, tem uma grande possibilidade de ser preenchida por drogas e/ou com má companhia.
    Ainda há quem diz que essas pessoas facínoras são apenas “crianças”, e que não podem ser presos pois trabalham ou estudam. Acontece que se não estivessem aptos a se responsabilizarem por seus atos, também não deveriam estar aptos a dirigir, beber, fumar ou fazer outras coisas que exigem ser maior de idade. Se possuem todos estes direitos de adultos, é imprescindível que também ajam como tal, cumprindo a lei e assumindo a responsabilidade por seus atos.
    Segundo Léo Fraiman - psicoterapeuta, mestre pela USP em psicologia da educação -, quem destrói o próximo é vazio de sentimentos, não tem nada dentro de si e muito menos algo a perder. Na maioria das vezes, mandar o delinquente para a prisão não resolveria nada. Na verdade, só pioraria. Uma boa solução seria colocá-lo num tratamento psicológico intensivo por vários anos. Além do resultado ser muito melhor, o custo seria menor, já que, segundo a revista O Globo, o valor médio por detento no Brasil é de aproximadamente R$ 1.700 por mês.
    Todavia, existem alguns crimes causados por mera falta de caráter, o que muitas vezes é pior do que a maioria dos distúrbios mentais. Nessas situações, não há outra solução senão mandar o indivíduo para a cadeia.
    De qualquer forma, como diz o ditado popular: “melhor prevenir do que remediar”. Uma estrutura familiar é indispensável a qualquer pessoa, logo, deveriam haver campanhas por parte do governo, com psicólogos especializados na área da educação dando dicas simples mas que podem fazer toda a diferença. Além disso, a conscientização dos pais na hora de educar bem o filho é crucial para o processo de formação de um cidadão devidamente inserido na sociedade.