Anna Maria

    É nos olhos que se esconde uma beleza tímida; ela espreita pelos pensamentos e transparece na sutileza de cada gesto. Um sorriso cansado, de leve resignação e lições levadas pelo tempo. Um olhar tão doce quanto se pode ser. A vida esmagou suas expectativas, mas persistiu sob aquelas pesadas solas alguma esperança. Sua voz tremulava junto com a bandeira branca: atestado irrevogável de paz. Abraçou a dor e para ela lançou-lhe um sorriso tranquilo. Aquelas núpcias de outras noites eram agora o substrato de um futuro apagado pelo passado. Encontrava afago na música e no canto dos pássaros de cada manhã. E, com uma palavra branda e um tom de voz sereno, afogava todos na profundidade do castanho de seus olhos.



— NOTA —
Wild Child: há algum tempo tenho estado encanado (ou encantado, se preferirem) com essa banda. E, partindo da ideia de tentar descobrir a personalidade de uma pessoa olhando em seus olhos, a partir dos meus próprios, me envolvi num certo lirismo com a vocalista, que canta, toca violino e traz uma paz muito grande no olhar. Foi pensando nela — e também em vocês, com quem eu queria compartilhar essa música linda — que escrevi esse texto.