Ponteiros

Nem sempre se ouve o tic tac
Embora ele esteja lá
Literalmente o tempo todo

Sutil, ele se faz audível
Mas somente para os atentos.
Em uma questão de segundos
Seu ritmo calmo se torna inquietante
E perturba o sono dos que ouvem-no

Algo que antes
Era comum, constante
De repente, se torna incômodo

Tic Tac
Os ponteiros estão correndo
Barulhentos, cruciantes
Segundos, minutos, horas, dias, anos
Tudo escapa às mãos
Escorre pelos dedos

Você não pode controlá-lo
Você não pode comprá-lo
Pois ele, o tempo
Não se rende às exigências do Homem
E sim o contrário

Os ponteiros se movimentam
Todo dia, toda hora
Mas os poucos que percebem
Tentam silenciar o relógio que tanto os preocupa
Para que possam voltar a dormir, tranquilos

E assim o tic tac da vida continua
Silencioso num canto, irrefreável